No auditório principal da HSM Expo 2017 durante sua palestra, Salim Ismail fundador, diretor executivo e embaixador mundial da Singularity University, destacou os rápidos avanços tecnológicos que estão mudando diversos setores da economia. Juntamente com seus colegas Ismail e Yuri van Geest, escreveram o livro “Exponential Organizations”, que mostra claramente como uma inovação surge e provoca mudanças inesperadas em diversos setores da sociedade, criando novos negócios e mudando velhos hábitos.
Salim categoriza as organizações clássicas como lineares, pois tem uma forte estrutura hierárquica, com forte investimento em ativos físicos, empregam um número regular de funcionários, têm seus objetivos e metas baseados em resultados passados e uma grande aversão a mudanças para evitar qualquer tipo de risco. Esse modelo de negócios se mostra cada dia mais ultrapassado, não sendo capaz de acompanhar as inovações tecnológicas que acontecem cada vez mais rápido. Relembrando a frase do estrategista John Hagel: “nossas organizações estão configuradas para resistir às mudanças que vem de fora”. Não entendem e nem adotam inovações de ruptura em seus modelos de negócios.
De acordo com os autores "uma organização exponencial, é aquela cujo impacto é desproporcionalmente grande, devido ao uso de novas técnicas organizacionais que alavancam as tecnologias aceleradas". Outra característica tão importante quanto seu desenvolvimento, é que todas têm algum propósito transformador massivo, ou seja, causa algum tipo de disruptura. Seja tecnológica, seja no modelo de negócios ou mesmo inventando um produto completamente novo que irá transformar nossos hábitos.
Quer um exemplo? Lembra do caso da Nokia? A empresa não conseguiu ver o mundo de forma diferente e ainda manteve seu pensamento linear. Sem perceber a transformação na indústria de smartphones, teve uma queda em seu valor de mercado de 140 bilhões de dólares para US$8,2 bilhões em 2012. O lançamento do iPhone acabou destruindo negócios como a indústria do GPS e câmeras fotográficas, desmontou empresas extremamente bem-conceituadas e líderes de mercado como a Nokia, revolucionando a indústria de software com os apps e permitiu a criação de novos negócios como o Uber e o Airbnb.
Seu livro ainda aponta que o futuro será das empresas que os autores chamam de ExOs ou Exponential Organizations, que ao contrário das atuais, podem manter apenas um pequeno grupo de funcionários e usar intensamente tecnologias avançadas e recursos externos. Com isso, conseguem mudanças rápidas. Em um grande número de setores, inevitavelmente as ExOs vão substituir as empresas dominantes.
É importante observar que a maioria das ExOs ganham muito dinheiro com modelos de negócio impensáveis até pouco tempo atrás. O Google por exemplo, é uma empresa que vale cerca de 400 bilhões de dólares e sua fonte principal de receita são os acessos a páginas de sites que não são dele. Já o Facebook vale 200 bilhões de dólares compartilhando conteúdo gerado pelos seus usuários e o Airbnb não tem um único quarto, assim como o Uber que não possui nenhum veículo.
Salim também apresentou os 4 D’s para analisar a trajetória das tecnologias exponenciais: Digitalização, Disrupção, Desmonetização e Democratização
• Digitalização – estamos migrando para uma era digital, onde tudo está sendo digitalizado, desde nossa voz, imagem, informações, produtos e até processos.
• Disrupção – quer um exemplo simples de disrupção? A fotografia em que o modelo era de escassez e com a chegada da foto digital tudo mudou. Antes, selecionávamos quais fotos iriamos revelar, com a digitalização surgiram outras oportunidades para organizar, editar e armazenar grandes quantidades de fotos
• Desmonetização – quando ocorre a disrupção, os custos caem significativamente, ficando muito baratos. Quando o carro autônomo do Google foi lançando, o conjunto de sensores custava 200 mil dólares. Dois anos depois caiu pela metade. Em breve devem custar 100 dólares e devem ficar ainda mais baratos.
• Democratização – é o momento em que todos podem acessar a tecnologia. É quando os produtos são transformados em bits e inseridos em uma plataforma digital de fácil acesso.
Diante de tanta informação, o palestrante ainda deixou alguns conselhos para grandes empresas e como elas podem se preparar para a era exponencial:
• Atualize seus líderes, estimule que eles percebam que o mundo está mudando. • Faça a revolução fora da empresa de maneira lateral, paralelo ao seu negócio. Se você tentar inovar de forma disruptiva numa grande empresa ela tem um sistema que protege, torna imune, bloqueando essas iniciativas.
Bem instigante o tema certo? Com certeza, vale a pena pensar no assunto!
